sábado, 23 de novembro de 2013

Diacronia e História

Segundo Maria Clara Paixão de Sousa, professora da Universidade de São Paulo, há uma diferença entre os conceitos de diacronia e de história.
De partida, é importante entender que ao longo dos 1900, nem todo estudo dito histórico será, necessariamente, histórico. Muitos serão simplesmente estudos linguísticos que tomam em conta o decorrer do tempo, ou seja, que abordam fatos de língua abstratos em uma sequência cronológica.
Para explorar a distinção entre história e diacronia, é necessário voltar à metáfora do xadrez de Saussure: essa partida é construída na forma de um evento fundamentalmente abstrato.
É, portanto, importante distinguir a cisão sincronia-diacronia da diferença entre a perspectiva histórica e a perspectiva não-histórica (ou a-histórica) dos fenômenos de língua. A cisão sincronia/diacronia remete à inclusão ou exclusão da dinâmica temporal-cronológica em nossa perspectiva dos eventos – e pode muito bem estar ligada a uma concepção desses eventos como abstratos, ou suspensos no tempo
histórico. A separação entre a perspectiva histórica e a perspectiva não-histórica não remete necessariamente ao problema da dinâmica da diacronia – mas sim, fundamentalmente, à concepção da língua como um objeto teórico historicamente contextualizado ou como um objeto teórico sem dimensão histórica.

A seguir, uma análise, feita por Maria Clara, para melhor compreensão dessa diferença entre "Diacronia" e "História":





 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Linguística Histórica

O que a Linguística Histórica estuda e tenta explicar são as mudanças e o processo evolutivo da Língua, na sua forma léxica e gramatical; não somente de uma língua, mas de várias, relacionando as mudanças sociais no contexto linguístico de seus falantes.
Segundo Darwin, a língua possuía relação com a biologia; buscava-se semelhanças com outras línguas para poder definir as mudanças históricas, gramaticais, sonoras e léxicas, tendo assim a ideia de que havia uma língua semelhante em um passado remoto.
Com a descoberta da antiga língua clássica da Índia, o Sânscrito (Indo-Europeia), foi dado início a orientação comparativista, que buscava semelhança parental com as línguas da Ásia e Europa.
Para a concepção da Linguística Histórica tradicional, é central a evidência de que as línguas mudam. Pois testemunhamos diferenças entre etapas cronológicas que se sucedem, a diferença entre as etapas só pode ser conceituada como desenvolvimento ou evolução. Entretanto, a perspectiva estruturalista de sistema rejeita a noção de que cada sistema tem sua própria lógica, independente da lógica do sistema que o precede cronologicamente. Assim, fundou-se um objeto língua que não muda naquele sentido, pois é um objeto que só tem sentido analítico na estaticidade. 

A rejeição da perspectiva estruturalista, nos meados do século XX, remeterá por sua vez a outros deslocamentos do foco de análise. A mudança linguística pode ser uma noção desafiadora a depender da concepção de linguagem. O objeto da linguística para o gerativismo não está na estrutura, mas na possibilidade de se gerarem as estruturas, ou seja, a gramática. As gramáticas particulares não são transmitidas, e nem devem ser confundidas com o conjunto das estruturas. Aquela que sofre transformações ao longo do tempo. Como por exemplo, a palavra “você”, que antes era “vosmecê” e que agora, diante da linguagem reduzida no meio eletrônico, é apenas “vc”. O mesmo acontece com as palavras escritas com PH, como era o caso de “pharmácia”, agora, "farmácia". Assim podendo concluir, a Linguística Histórica, constitui um complemento imprescindível para que essa ciência seja completa, pois interpreta e explica os fatos que a primeira colige. A Linguística Histórica esteve no passado e tem hoje uma função importante no estudo desse rico patrimônio cultural e humano.